Socorro do Prado
domingo, 18 de novembro de 2012
SAUDADES DESTE TEMPO...
Socorro do Prado
sábado, 3 de novembro de 2012
CRIANÇA CIRCENSE
quarta-feira, 5 de setembro de 2012
E A MORTE...
terça-feira, 4 de setembro de 2012
RITUAL
No retorno as suas casas, após advento conservam ainda, nos seus olhos o brilho do ritual. Eu, no pensar refletido diante a tudo que assisti me indago: Realidade ou Fantasia? Não importa! O que vale mesmo é a experiência vivida e a recordação integrada na minha tão carente alma de momentos tão ricos e belos, onde se faz presente a nossa humanidade revivida em irmandade cósmica.
terça-feira, 12 de junho de 2012
MEMÓRIAS
Socorro Prado
domingo, 25 de março de 2012
Espetinho de Ferro
Parado ali diante de si, avistava um amontoado de pedaços de ferro jogados descuidadosamente em um canto qualquer do terreiro. Olhou e pensou - porque não construir um espetinho de ferro... Ele será útil, poderá dourar as carnes nos longos churrasco de domingo, num ambiente de alegria, gargalhadas, onde o amor permeia sorrateiramente. Ele poderá ouvir e assistir às conversas, as maledicências corriqueiras, as trocas de afetos, as risadas, discussões e brigas, abraços, gargalhadas e beijos, e fará o seu serviço amorosamente em todos os encontros churrasqueiros, pensava ele. Na sua mente a cena se formava.
Assim foi, o velho ferreiro, começou a laboriosamente confeccionar vários e vários espetinhos. Mas, o primeiro deles, ele o destacou de alguma forma, a sua marca pessoal, no retorço do término. À medida que ia construindo os espetinhos, a sua tristeza ia se aquietando, era preenchida pela sensação de completude. E por ai foi. Após vários e vários dias os espetinhos estavam prontos. Agora era necessário construir uma abóboda onde seriam colocadas as brasas em fogo, com um carvão escolhido de transformação ascendente, onde os alimentos carnes e frutas, os mais diversos tipos, conforme o apetite dos participantes, fossem transformados. Ele pacientemente aceitaria. Os alimentos seriam transformados em deliciosos churrascos tostados, mais assados, mais crus, mais doces, com mel, adocicados, azedos, ácidos, com frutas, nas mais intrigantes e belas criações, alimentando o paladar de todos.
E assim ele o fez. Confeccionou calmante o seu instrumento de vida. Passeou, ofereceu seu serviço, degrau por degrau, um dia após o outro.
O mesmo, ao decorrer do tempo, foi acatado por um grande fabricante que o divulgou e o popularizou através dos tempos, para servir nas churrascadas da vida, nos mais recônditos e variáveis lugares deste planeta. Lá estava o espetinho de ferro cumprindo a sua função, sobre os fortes calores, das chamas em brasas nos corações humanos. Ele calmante se disponibilizava em receber os mais variadas e belas escolhas dos alimentos que se achegavam, inimagináveis combinações. Sorria a cada suspiro, reclamação e gemido, dos que saboreavam as carnes lambuzadas de mel e fel em bocas recheadas de saliva e prazer. Por vezes e vezes também pairava no ar e sentia. Assim foi ele construindo e seguindo a sua designação ao longo da sua vida útil.
Um belo dia de chuva, numa verde campina florida, de trovoada onde os raios desenhavam no ar, já desgastado pelas chamas e calor, partiu-se ao meio, foi colocado novamente num canto qualquer.
Uma criança, brincando de esconde-esconde, que por ali passava, o viu. Pegou em pedaços, olhou, o recolheu e disse: - belo espetinho de ferro, velhinho, desgastado pelo tempo, mas eu o levarei, o derreterei no calor das chamas, o esfriarei e o transformarei em uma bola, sim numa bola de ferro, que percorrerá o campo das brincadeiras infantis, fará parte das alegrias das crianças, onde ele também poderá fazer parte dos sorrisos e da leveza, da maldade e perversidades das mesmas, ao brincar alegremente no campinho aberto e ilimitado das imaginações infantis, por toda e toda a eternidade a fim.
Socorro Prado
segunda-feira, 19 de março de 2012
Por onde andará meu Professor...
domingo, 11 de março de 2012
Onde está Deus?
Esta é uma pergunta que sempre me fiz. Quem é este personagem e onde se encontra? Assim me refiro porque a minha mente pouca evoluída ainda necessita de algo concreto para nominar. Busquei na religião, nas leituras, em todos os caminhos que tive acesso e que se achegaram a mim. A explicação de que era um ser onisciente, onipotente, onipresente..., por vezes, quando criança invadia-me; sentia-me vigiada continuamente pelo este ser observador que ficava o tempo todo, onde estivesse, olhando, e sabendo de tudo..., e inúmeras vezes, perseguida. Fui crescendo e continuei caminhando, o modo de caminhar foi mudando, mas o caminho era o mesmo – veja como também eu o perseguia! As definições da religião não deram respostas que me satisfizessem; a Filosofia, Sociologia e a Psicologia, também não, tampouco outra ciência; mas em compensação, apresentavam alternativas para que pudesse continuar debruçando-me nas análises, para que ampliasse e vivenciasse o processo continuo de busca.
Até que, finalmente, o percebo, na plumagem multicolorida dos pássaros, na água que escorre sem molhá-los durante a chuva, na flor se entreabrindo- no mágico momento em que ela se abre por inteira, no perfume que exala das plantas, na suavidade da música, nas artes, na brisa de tardinha, no orvalho, no nascimento, no barulho das ondas, nas pessoas humanas indistintamente de classe, de luxo, de cor - livre de qualquer padrão estabelecido por nós - numa criança quando aprende a andar, na mãe que embala e canta, nas brincadeiras infantis, nos risos, na construção do joão de barro, na borboleta que voa em círculo, no bando de aves desenhando o ar, na ave que espalita os dentes do jacaré, no beija-flor parado no ar, no leão quando ataca à presa, na aranha que tecesse, no amigo que se condói que ama que ajuda que tem compaixão. Está presente, inexoravelmente, na sua mais bela criação que é o Ser Humano, indiscutivelmente a mais bela de todas, PORQUE DEUS É BELEZA, e ela esta presente em tudo.
Mas, ainda assim, a percepção evolui, poderei me surpreender diante de novas possibilidades e incertezas, construir novas visões, pois hoje o percebo através da minha própria realidade; não se tem a possibilidade de se chegar a um limite consciente, ponderável; os véus continuaram, até que eu alcance novos vôos. E assim, permaneço neste intrigante caminho, de inquietação inalterada, em busca do desconhecido refletido em mim mesma.
Socorro Prado
sábado, 10 de março de 2012
O badalar da Ave-Maria
Casais a bebericar gelados refrescos, risos e conversas, celulares, bate-papos amigos e troca de amores, todos a usufruir aquele espetáculo natural e divino, onde a branca igrejinha de Sto. Antônio, no alto do morro, consentia com a sua presença paroquial a confirmação dos encontros amorosos em juras de amor eternos. Todos se sentiam pequeninos diante da natureza que se apresentava gratuita e humildemente a todos que ali se achegavam.
Seis horas! Os corações se aquietam, respiração pausada, ouvidos atentos e conversas cerceadas - todos escutam calma e amorosamente o badalar rítmico dos sinos da catedral a tocar a ave-maria, numa beleza inconfundível de sons combinados, aquietando nossa alma e fazendo-nos lembrar da existência de Deus!
Momentos em que se comemora a vida, e que emocionados nos dirigimos à divindade em oração de agradecimento pelos olhos que nos permite vê tamanha beleza, pelos nossos pés que nos levaram até ali, pelas nossas mãos que tocam e acariciam, pelo alimento que deliciamos em comunhão, pelos ouvidos que nos permite escutar a vibração dos sons, a sensibilidade de perceber o que nos cerca, o perfume que nos envolve e o sentir e vibrar do nosso corpo e psiquismo - esta maravilhosa engenhosidade até então, tão desconhecida e muito ainda, a ser explorada pelos humanos.
É a vida que pulsa, que relembra o até então vivenciamos, recheada de experiências que nos prepararam a escalar os degraus do nosso cotidiano.
Nada a dizer, diante do que é visto, o estado de mudez é a própria oração, tamanha a nossa insignificância e impotência ante a Criação. Só nos resta agradecer pela vida e pela a bela e infinita bondade do Criador que nos proporciona tamanho presente, ao abrir clareiras diárias na passagem onde floresce a reflexão, o crescimento e o caminho.
Socorro Prado
sexta-feira, 9 de março de 2012
Cinderela no Sambódromo
Seus olhos verdes, vivos, brilhantes e arregalados mantinham-se fixos, imóveis diante da beleza que escorria ritmicamente ao som da bateria da escola de samba beija-flor. O coração batia acelerado aos compassos dos tambores e instrumentos que entoavam uma canção que mais pareciam uma oração em celebração à vida. Nos seus pensamentos desfilava como em câmara lenta as passagens de sua vida, analogamente como as alas da escola de samba. As cores, luzes, brilho, alegorias, manejos e danças de rara beleza e a criatividade lhe possibilitava dar um novo colorido a sua história, enriquecida agora de sons e adereços, pela magia do entoar do batuque da bateria acompanhado ao canto das pessoas. A cada escola que plainava na avenida, mais um episódio de sua vida derretia-se em lembranças e recordações, um passado e rico filme que ela adornava com a sua recriação e fantasia, como se a criar para cada uma delas um novo enredo enxertado naquela multidão a bailar e cantar como uma grande opera oportuna.
Lembrava-se de suas vivencias interioranas, do seu teatro em cima do balcão da torrefação, em cortinas de lençol, presas em fios de arame, fantasias de palhas e cetins floridos, adornados com flores do campo e perfumes lavanda. Das danças do circo, do tablado, que tantas vezes a representava em suas brincadeiras infantis, da mulher rumbeira, que trazia sob as nádegas um enorme babado que se arrastava ao chão comparado ao movimento dos repteis, na sua flexibilidade e leveza. Dos desfiles de sete de setembro, dia da bandeira, da baliza que bailava ao som da bandinha; do circo de Gozobinha que a deixa entusiasmada frente ao trapézio, fazendo-a voar; da alvorada, que a bandinha colegial, entoava na madrugada anunciando um dia festa; do teatro da escola onde assistia às peças ali representadas pelos estudantes e dos seus ensaios dominicais. Na sua mente também ocorrida um grande desfile, o seu espetáculo interior, calmamente revivenciado.
Seus pensamentos volitavam, suas recordações revividas! Quem poderia previr que um dia aquela menina pudesse estar diante de um dos maiores espetáculos da Terra, onde a criatividade emociona, contagia, o calor do povo inebria e a musica aquece os corações adormecidos pelas dores antigas, mas que revivem as lembranças de alegria e amor pela vida vivida. Que fantástico é poder ver e sentir a capacidade criativa do ser humano. É indiscutivelmente, notadamente ilimitada!!! Imprevisível e surpreendente. A cada escola que se desenrolava a sua frente, era como viver um grande espetáculo, onde o entusiasmo se fazia presente em todas as cenas, numa loucura embriagante. Assim, era transportada a lugares até então nunca visitados por nós, há um mundo de fantasia, ficção e cor, imersos no absurdo!
Que grande revelação!!! Os contos de fadas existem..., basta que acredite neles, reinvente e viva-os... Se presenteie!!!
Socorro Prado